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Um dos acidentes registrados na BR 262 com vítima fatal
Por Henrique Ferian
Um relatório técnico divulgado mostra que, mesmo com a redução de acidentes e mortes em rodovias federais de Mato Grosso do Sul em 2025, a BR-262 entre Três Lagoas e Campo Grande permanece como um dos corredores mais perigosos do estado.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre janeiro e junho foram registrados 781 acidentes nas rodovias federais de MS, contra 845 no mesmo período de 2024 — queda de 7,57%. O número de mortes também caiu de 76 para 73, redução de 3,95%.
Mas a melhora não foi uniforme: a BR-262 sozinha concentrou 126 ocorrências, ficando atrás apenas da BR-163 (312 acidentes).
26 de agosto – Ribas do Rio Pardo
Colisão frontal entre caminhão-baú e carreta matou dois motoristas e interditou a pista por seis horas.
31 de maio – Três Lagoas
Motociclista morreu após ser atingido por uma peça metálica que se soltou de uma carreta.
28 de junho – Aquidauana/Miranda
Acidente entre carreta e dois carros deixou vítimas carbonizadas após incêndio.
5 de março – Ribas do Rio Pardo
Motorista morreu ao colidir com uma anta e, em seguida, bater em uma carreta.
Esses casos ilustram a natureza dos sinistros: colisões de alta energia, com grande número de mortes e interdições prolongadas.
Infraestrutura precária: pista simples, buracos, ausência de duplicação e de passagens de fauna.
Sobrecarga de caminhões: o crescimento da indústria de celulose em Três Lagoas transformou a rodovia na “Rota da Celulose”.
Imprudência: excesso de velocidade e ultrapassagens proibidas seguem como principais fatores humanos.
Paralelamente ao diagnóstico de risco, o governo de Mato Grosso do Sul avançou em agosto no processo de concessão de 870 quilômetros da chamada Rota da Celulose, que inclui trechos da BR-262, BR-267, MS-040, MS-338 e MS-395.
Após rejeitar recurso administrativo e desclassificar em definitivo o Consórcio K&G Rota da Celulose — primeiro colocado no leilão realizado em 8 de maio na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) —, o Estado convocou o Consórcio Caminhos da Celulose, liderado pela XP Investimentos e construtoras parceiras, para apresentar a documentação de habilitação.
O K&G foi inabilitado após questionamento sobre a participação da K-Infra, expulsa da concessão da BR-393 no Rio de Janeiro por dívidas de R$ 1,6 bilhão e falta de manutenção. A decisão do Governo, publicada nesta quarta-feira (27), atendeu ao recurso da segunda colocada.
O Consórcio Caminhos da Celulose, agora declarado vencedor provisório, ofereceu desconto de 8% e deverá entregar os documentos no dia 3 de setembro, na sede da B3, em São Paulo. O contrato prevê recuperação, operação, manutenção, conservação, melhorias e ampliação da capacidade viária dos trechos incluídos no pacote.
Se confirmada, a concessão pode representar um investimento bilionário para enfrentar as deficiências históricas da BR-262, incluindo a esperada duplicação e implantação de terceiras faixas.
Enquanto a solução definitiva não chega, a PRF intensificou operações no trecho, com mais de 50 mil infrações registradas e 113 mil testes do bafômetro aplicados no primeiro semestre. Mais de 68 mil motoristas participaram de ações educativas.
O DNIT e a Assembleia Legislativa discutem a construção de terceiras faixas em pontos críticos, mas especialistas alertam: sem duplicação, a rodovia seguirá perigosa.
Especialistas afirmam que a BR-262 só deixará de ser a “rodovia da morte” com investimentos estruturais de grande porte. Até lá, motoristas e empresas de transporte seguem expostos a uma combinação explosiva de infraestrutura insuficiente, fluxo pesado de caminhões e imprudência.
A decisão do governo de reavaliar a concessão e convocar novo consórcio reacende a expectativa de mudança. Mas, até que obras efetivas saiam do papel, a rodovia continuará a simbolizar um dos maiores desafios da logística e da segurança viária em Mato Grosso do Sul.