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Por Henrique Ferian
A cada nova investigação sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC), a dimensão da sua atuação parece ultrapassar qualquer limite já imaginado. O que antes era visto como uma facção criminosa restrita ao tráfico de drogas e à violência nas periferias, hoje se revela como um império econômico estruturado com a mesma lógica de grandes corporações multinacionais.
O caso mais recente expõe um esquema que beira o inacreditável. O PCC importava combustível, promovia a formulação e adulteração para ampliar margens de lucro, distribuía com frota própria e comercializava em postos de gasolina que também pertenciam ao grupo. O ciclo se fechava com o dinheiro passando por fintechs igualmente controladas pela facção, que depois era “limpo” em fundos de investimento e camadas de ativos.
Mas a sofisticação não para aí. Empresas criadas pelo próprio esquema importavam nafta, hidrocarbonetos e diesel para a formulação do combustível. Paralelamente, havia usinas de etanol operando sob o controle do grupo. Usinas que, segundo a investigação, chegavam até mesmo a plantar a própria cana-de-açúcar. Ou seja, da lavoura ao posto, da importação à distribuição, do caixa ao investimento: tudo estava sob o comando do PCC.
Não se trata mais de comparar essa estrutura criminosa a Al Capone ou às máfias clássicas. Aquilo que um dia se resumiu a contrabando, extorsão e tráfico hoje se transformou em uma verdadeira holding criminosa, um conglomerado que opera com níveis de integração vertical e inteligência financeira dignos de grandes grupos econômicos.
É impossível ignorar o recado que esse modelo passa: enquanto o Estado ainda luta para reprimir o tráfico de drogas tradicional, o crime organizado brasileiro já está sentado à mesa dos negócios bilionários, disputando mercado com a legalidade. E o mais preocupante: com uma eficiência empresarial que muitas companhias “limpas” jamais alcançaram.