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Por Ygor Andrade
O acesso à saúde em Três Lagoas tem avançado nos últimos anos, mas milhares de pacientes ainda precisam se deslocar para outros municípios e estados em busca de consultas, exames e cirurgias de maior complexidade. Entre janeiro e julho de 2025, a Secretaria Municipal de Saúde transportou 10.860 pessoas para atendimentos fora da cidade, o que representa uma média de 1.600 pacientes e acompanhantes por mês, segundo dados do Setor de Transportes Eletivos do Complexo Regulador de Saúde.
Esse fluxo intenso envolve tanto os deslocamentos do Tratamento Fora de Domicílio (TFD), quanto mutirões e convênios regionais. O objetivo é garantir acesso à população em áreas onde a rede municipal ainda não possui capacidade instalada.
Para onde os pacientes vão?
Os trajetos mais comuns incluem Campo Grande (MS), Barretos (SP), São José do Rio Preto (SP), Jales (SP) e São Paulo (SP). Cada destino cumpre um papel específico na rede de atendimento:
Campo Grande concentra a maior parte das demandas pactuadas entre município e Estado, com consultas e cirurgias de média e alta complexidade.
Barretos, São José do Rio Preto e Jales são referências na oncologia, recebendo pacientes para diagnóstico, cirurgia e tratamento do câncer.
São Paulo e outros centros fora de Mato Grosso do Sul atendem casos de alta complexidade via TFD, quando não há alternativa regional.
Municípios vizinhos, como Brasilândia, Bataguassu e Cassilândia, também recebem pacientes em mutirões do programa MS Saúde, ampliando o alcance de procedimentos específicos.
Por que não em Três Lagoas?
Apesar dos avanços, a rede hospitalar local ainda não dispõe de muitas cirurgias de alta complexidade, o que obriga muitos pacientes a buscar atendimento em polos maiores. A cidade já realiza a maior parte dos exames e procedimentos de média complexidade, resultado de investimentos e parcerias com os hospitais locais.
Alguns atendimentos como Cardiologia – que pode envolver desde um cateterismo a uma angioplastia – Neurocirurgia – que também pode englobar remoções de tumores ou situações de acidentes com traumatismo craniano, já são atendidos na cidade, desde que o Hospital Regional da Costa Leste Magid Thomé assumiu essas especialidades.
No entanto, áreas como ortopedia avançada, genética e radioterapia continuam sendo limitações importantes. A dependência dos grandes centros permanece estratégica para garantir acesso a terapias que podem determinar qualidade de vida — e, em alguns casos, a própria sobrevivência.
A rotina de quem viaja por saúde
Por trás das estatísticas estão as histórias de pacientes que enfrentam longas horas de viagem, ansiedade antes de exames e o desgaste físico da rotina. Nesse cenário, os profissionais que atuam no transporte têm um papel que vai além da condução do veículo.
“Não é só levar e buscar. Muitas vezes ajudamos com bagagens, orientamos sobre a chegada ao hospital, confortamos quem está ansioso antes de um exame ou de uma consulta. Faz parte da nossa missão garantir que o paciente se sinta seguro do início ao fim da viagem”, afirma o diretor José Francisco Borges.
Avanços e desafios
Os números demonstram a importância do esforço da rede de saúde para assegurar que ninguém fique sem atendimento, ainda que distante de casa. Ao mesmo tempo, reforçam a necessidade de investimentos contínuos em infraestrutura hospitalar e em especialidades de alta complexidade em Três Lagoas, para reduzir o desgaste das viagens e ampliar a resolutividade local.
O desafio, portanto, é duplo: manter os fluxos atuais de atendimento para que a população não seja desassistida, e ao mesmo tempo construir condições para que cada vez mais pacientes encontrem solução dentro de seu próprio município.