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Por Henque Ferian
A cidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, mantém um cenário de estabilidade nos casos de dengue, com números considerados baixos atualmente. No entanto, as autoridades de saúde alertam para a possibilidade de uma rápida mudança nesse panorama com a chegada do período chuvoso, especialmente devido à circulação do sorotipo 3 da dengue. A informação foi destacada por Alcides Ferreira, coordenador do setor de endemias do município, em entrevista ao vivo no Jornal da Manhã da Jovem Pan Três Lagoas.
Situação Atual e Preocupações
Alcides Ferreira ressaltou que, apesar da baixa incidência de casos – com apenas sete notificações na última semana, aguardando confirmação –, a tranquilidade é apenas aparente. A seca atual, que impede o acúmulo de água da chuva, tem contribuído para a redução da população do mosquito Aedes aegypti. Contudo, o coordenador enfatiza que os ovos do mosquito podem permanecer viáveis por até um ano em locais secos, eclodindo assim que entram em contato com a água. Isso significa que, com o retorno das chuvas, há um risco iminente de proliferação acelerada do vetor e, consequentemente, um aumento nos casos da doença.
“A hora que começar a chover, esses criadouros estão espalhados por aí. Eles estão com ovos, porque os ovos do mosquito, eu gosto sempre de repetir isso, eles ficam até um ano dessecados. Hora que entra em contato com a água eclode normalmente segue o fluxo”, explicou Ferreira. A preocupação é ampliada pela circulação de três sorotipos da dengue em Três Lagoas. Além dos sorotipos 1 e 2, o sorotipo 3, que não circulava no município há mais de 15 anos, já registra mais de 110 casos isolados.
Levantamento de Índice Rápido (LIRA) e Cenário Estadual
O município de Três Lagoas realizou o Levantamento de Índice Rápido (LIRA) no final de agosto, registrando um índice de 1,7%. Este resultado coloca a cidade na faixa de alerta, indicando a presença do mosquito e a circulação do vírus. O LIRA é uma amostragem realizada quatro vezes ao ano, conforme calendário do Ministério da Saúde, e serve para classificar os municípios quanto ao risco de surtos e epidemias. Um índice de até 0,9% é considerado baixo risco, de 1% a 3,9% é alerta, e a partir de 4% é considerado alto risco.
O cenário estadual também é motivo de preocupação. O último boletim estadual aponta 21 municípios em situação de alerta e um em situação de risco. “Três Lagoas também fim de agosto a gente fez o Lira e nós tivemos 1,7. Então, nós estamos na faixa de alerta. Quer dizer, tem mosquito, tem vírus circulando, então o risco de ter uma epidemia no final do ano e começo do próximo ano é grande”, alertou Alides Ferreira.
Dados Epidemiológicos e Grupos de Risco
O boletim epidemiológico acumulado do ano em Três Lagoas registra 1.533 casos notificados de dengue, com 427 confirmados laboratorialmente. Houve um óbito no início do ano, de uma senhora de 65 anos. A distribuição dos casos por idade mostra que a doença atinge todas as faixas etárias, sem um público principal definido, embora o Ministério da Saúde tenha priorizado a vacinação para a faixa de 10 a 14 anos devido à maior incidência de internações e gravidade observadas em 2023. Idosos, crianças e pessoas com doenças de base ou imunossuprimidas são considerados grupos de risco, com maior probabilidade de agravamento da doença.
Estratégias de Combate e Parcerias
Mesmo com a situação atual de baixa incidência, os agentes de endemias de Três Lagoas mantêm um trabalho contínuo e intensificado. A orientação principal à população é para que não deixem água parada, especialmente dentro de casa, em recipientes como bebedouros de animais, vasos de planta, caixas d’água no chão e tambores. A colaboração da comunidade é fundamental para evitar a proliferação do mosquito.
Três Lagoas vem se destacando pela parceria entre a Endemias e a Entomologia, que utiliza armadilhas (ovitrampas) para um diagnóstico amplo da cidade, identificando as áreas de maior incidência e risco. Essa estratégia permite um mapeamento de calor das áreas críticas, direcionando as ações de combate de forma mais eficaz. “Três Lagoas tem um diferencial em relação aos outros municípios do Mato Grosso do Sul, que é uma parceria que a Endemias entomologia tem, em relação ovitrampas e que vem dando muito certo, tendo um diagnóstico bem amplo da cidade de Três Lagoas, toda diagnosticada em relação a aos casos de incidência”, afirmou o entrevistado.
Confira a entrevista: