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Por Henrique Ferian
O ator, professor e diretor sul-mato-grossense Lucas Spirandeli concedeu uma entrevista à rádio Jovem Pan de Três Lagoas, onde compartilhou detalhes sobre sua recente participação na produção do filme “Nosso Lar 3: Vida Eterna” e o sucesso do curta-metragem “Ponto Final”, uma produção local que vem ganhando destaque em festivais de cinema pelo Brasil.
Com uma carreira que ele mesmo define como “curta, mas intensa”, Spirandeli mergulhou no universo das artes cênicas há cerca de cinco anos e meio, um período de grande dedicação que já rende frutos significativos. Sua trajetória, que começou com o resgate de uma paixão antiga pelo teatro, música e dança, rapidamente se expandiu para o cinema, onde já acumula quatro filmes em seu currículo.
Desafios e Oportunidades no Cenário Audiovisual de MS
Durante a entrevista, Spirandeli abordou as dificuldades de se produzir audiovisual fora do eixo Rio-São Paulo. Ele destacou a carência de formação técnica especializada em Três Lagoas como um dos principais obstáculos. “O que a gente tem são cursos de vivência de teatro, não um curso técnico, por exemplo”, explicou. Essa lacuna, segundo ele, exige um esforço adicional na captação e formação de elenco para projetos cinematográficos, que demandam uma linguagem de atuação diferente da teatral.
No entanto, o ator ressaltou o papel fundamental da internet e do networking para superar essas barreiras. “Esse trabalho [de criar uma rede de contatos] é tão importante quanto o trabalho da atuação em si”, afirmou Spirandeli, enfatizando que as oportunidades surgem à medida que o trabalho do artista se torna visível para as pessoas certas no meio.
A Experiência em “Nosso Lar 3: Vida Eterna”
Foi através de plataformas digitais de elenco que surgiu o convite para integrar a equipe de “Nosso Lar 3: Vida Eterna”, o terceiro filme da aclamada franquia espírita. Spirandeli interpreta um dos soldados da guarda pessoal de Domênico, personagem vivido por Fábio Assunção. A experiência de 20 dias no Rio de Janeiro, com 10 dias de gravação em estúdio, foi descrita por ele como um grande aprendizado.
O ator se mostrou particularmente impressionado com a tecnologia empregada na produção, especialmente um painel de LED curvo de 50 metros usado para compor os cenários de forma tridimensional. “É absurdo como o cenário físico que tá ali no chão […] se une muito bem a esse painel”, comentou, explicando como a tecnologia foi crucial para materializar o complexo universo do Umbral, um dos locais centrais da trama.
Spirandeli também compartilhou a visão do diretor Wagner de Assis, que pretende, com este terceiro filme, alcançar um público mais amplo, para além dos seguidores da doutrina espírita. “É um filme de romance, é um filme de ação, então é um filme que vai abraçar um outro público”, disse o ator, citando o diretor.
“Ponto Final”: O Sucesso do Cinema Três-lagoense
Outro grande destaque da entrevista foi o curta-metragem “Ponto Final”, dirigido por Cadu Xavier e codirigido por Spirandeli. A produção, filmada inteiramente em Três Lagoas com uma equipe majoritariamente local e financiada com recursos da Lei Paulo Gustavo, tem colecionado indicações em importantes festivais.
Participações em Festivais
MT Queer Premieria
Cuiabá – MT
🏆 Indicações: Melhor Ator (Lucas Spirandeli), Melhor Curta, Melhor Fotografia, Melhor Direção, Melhor Trilha Sonora
🎥 Mostracine PCD
Salvador – BA
🏆 Indicações: Ator Revelação (Cadu Xavier), Roteiro, Direção, Melhor Curta
“Foi um filme feito com baixo orçamento, […] rodado em três dias de muita luta”, relatou Spirandeli, orgulhoso do resultado e da visibilidade que o projeto está trazendo para os talentos da região. Ele anunciou que o curta, que já teve exibições locais com grande sucesso de público, será reapresentado em breve em formato totalmente acessível, com Libras e audiodescrição, mas que por enquanto precisa ser resguardado para o circuito de festivais.
A trajetória de Lucas Spirandeli ilustra o potencial e a resiliência dos artistas que atuam fora dos grandes centros urbanos, demonstrando que, com talento, dedicação e uma boa rede de contatos, é possível romper fronteiras e levar a cultura de Mato Grosso do Sul para todo o Brasil.
Confira a Entrevista:
