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O serviço municipal já atendeu cerca de 60 crianças e conta agora com oito famílias habilitadas para acolhimento temporário
Por Henrique Ferian
O serviço Família Acolhedora de Três Lagoas realizou uma nova capacitação recentemente e habilitou mais quatro famílias para receber crianças em situação de vulnerabilidade. Com isso, o município passa a contar com oito famílias aptas a oferecer acolhimento temporário.
Em entrevista ao Jornal da Manhã da Jovem Pan Três Lagoas, a coordenadora Luana Mendonça explicou que o serviço é uma modalidade de acolhimento temporário para crianças e adolescentes que foram retirados de suas famílias de origem devido a negligências e violências. “O principal objetivo é tornar esse período de acolhimento o menos traumático possível, enquanto a família resolve as pendências que causaram o acolhimento”, destacou.
Luana enfatizou que o programa não se trata de adoção, confusão frequente entre as pessoas interessadas. “Hoje a família acolhedora é uma modalidade de acolhimento temporário, com prazo para entrar e sair. Se houver interesse em adoção, a pessoa deve se dirigir ao fórum”, esclareceu.
A coordenadora revelou que já ocorreram casos de pessoas que tentaram ingressar no programa com a intenção de burlar o sistema de adoção. “É importante ressaltar que para adotar uma criança, é necessário estar cadastrado no SNA (Sistema Nacional de Adoção). São processos totalmente distintos”, reforçou.
O ano de 2025 foi particularmente desafiador para o serviço. “Iniciamos o ano com 11 famílias, mas muitas encerraram o acolhimento e optaram por se desligar. Ficamos com apenas duas famílias”, contou Luana. A situação melhorou após as capacitações realizadas em maio e agora em novembro.
A coordenadora também relatou que a maioria das procuras ao longo do ano foi de pessoas interessadas em adoção, não em acolhimento temporário. “Foi necessário muito trabalho de divulgação para esclarecer sobre o funcionamento do serviço”, explicou.
Atualmente, cerca de 35 crianças e adolescentes estão em situação de acolhimento institucional em Três Lagoas. Nem todas estão disponíveis para família acolhedora, pois algumas já estão destituídas do poder familiar e aguardam na fila de adoção.
O período médio de acolhimento é de até seis meses, considerado saudável pelo judiciário. O tempo recorde registrado foi de dois meses, no caso de uma criança de um ano e meio que foi encaminhada para adoção.
Durante o acolhimento, a equipe do programa oferece suporte 24 horas, incluindo atendimentos emergenciais, monitoramento por celular e visitas semanais. A equipe é composta por psicólogo, assistente social, pedagogo, administrativo e coordenação.
Para se tornar uma família acolhedora, todos os membros da residência precisam estar de comum acordo. “A criança vai conviver e participar da rotina da casa. Já ocorreram casos de esposas empolgadas que levaram maridos forçados, e depois de algumas semanas o marido admitiu que não queria”, relatou Luana.
As famílias recebem suporte financeiro durante o período de acolhimento para auxiliar com os custos da criança. Além disso, quando há grupos de irmãos, a preferência é não separá-los. Nos casos em que a separação é necessária, são proporcionadas visitas semanais para manter o vínculo familiar.
Um aspecto positivo do programa é que, após o término do acolhimento, muitas famílias acolhedoras mantêm contato com as crianças. “Temos exemplos de famílias que se tornaram padrinhos, madrinhas ou rede de apoio da família de origem”, contou a coordenadora.
Luana destacou a importância do acolhimento familiar em comparação com o institucional. “A realidade da instituição é muito dura, é um tratamento coletivo. A criança não tem a liberdade que tinha antes, precisa seguir horários rígidos para tudo”, explicou.
Segundo ela, aproximadamente 22 crianças vivem atualmente na instituição de acolhimento. “Elas precisam ser acompanhadas para ir à escola, ao médico, cortar cabelo. Muitas nunca foram a um supermercado ou shopping. É uma situação que limita a vida e pode causar traumas”, completou.
O programa pode atender até 15 famílias, de acordo com a formação da equipe e legislação vigente. Ao longo dos anos, cerca de 60 crianças já foram acolhidas e 73 famílias procuraram o serviço.
Quem tiver interesse em conhecer o programa pode visitar a sede na Rua Zuleide de Peres Tabox, número 97, ou entrar em contato pelo telefone (67) 99286-0051. A equipe agenda horários para explicar detalhadamente como funciona o serviço.
Confira a entrevista: