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Região ainda está longe do limite de industrialização e pode concentrar mais de R$ 100 bilhões em investimentos nos próximos anos
Por Henrique Ferian
A Costa Leste de Mato Grosso do Sul atravessa um dos ciclos de crescimento econômico mais intensos de sua história recente e, segundo especialistas, ainda está longe de atingir seu limite de expansão industrial. Impulsionada pelo setor de celulose, mas já avançando em direção à diversificação produtiva, a região caminha para concentrar mais de R$ 100 bilhões em investimentos privados, consolidando o Estado como um dos principais polos industriais do Brasil.
A avaliação é do consultor e empresário Diógenes Marques, contador e pós-graduado em Planejamento e Desenvolvimento Regional, entrevistado na manhã desta quinta-feira (19) no Jornal da Manhã, da Jovem Pan Três Lagoas.
“Esse ciclo não se encerra agora. Existe uma corrente clara, para os próximos 10 a 15 anos, de novas fábricas e ampliações das já existentes”, afirmou.
O setor de celulose continua sendo o principal vetor dessa transformação econômica. Entre projetos já concluídos, em execução e aqueles com alto grau de viabilidade técnica e ambiental, Mato Grosso do Sul se aproxima de um patamar histórico de investimentos industriais, concentrados especialmente na Costa Leste.
Parte expressiva desse volume já é realidade, com plantas em operação ou obras em estágio irreversível:
Somados, esses dois projetos representam cerca de R$ 47 bilhões já consolidados, com impactos diretos na arrecadação, no mercado de trabalho e na dinâmica urbana da região.
Além do que já está em operação, outro bloco robusto de investimentos se encontra em estágio avançado de decisão, com licenciamento concedido ou estudos técnicos concluídos:
Esse conjunto representa cerca de R$ 60 bilhões em investimentos projetados, com elevada probabilidade de execução nos próximos anos.
Somando investimentos consolidados e projetos projetados, Mato Grosso do Sul caminha para um volume estimado entre:
R$ 105 bilhões e R$ 110 bilhões em investimentos industriais, fortemente ancorados no setor de celulose e concentrados na Costa Leste do Estado.
Apesar da força da celulose, a região inicia um processo de diversificação econômica. Um dos destaques é a citricultura, impulsionada pela crise do greening, doença que afeta severamente os pomares de São Paulo, maior produtor de laranja do país.
“Nós já temos mais de 40 mil hectares confirmados para a Costa Leste”, destacou Diógenes Marques. As áreas estão concentradas em Três Lagoas, Cassilândia, Brasilândia e Aparecida do Taboado, volume que já permitiria a instalação de uma ou duas indústrias de processamento.
Outro avanço relevante é a retomada do cultivo da seringueira em Cassilândia. O município responde por 25% da produção de látex e borracha natural do Estado, com mais de 7 mil hectares plantados e a confirmação de uma fábrica de borracha para os próximos três a quatro anos.
O crescimento acelerado, porém, expõe um problema estrutural: a escassez de mão de obra.
“Hoje, esse é o maior desafio da região”, reconheceu Marques. Empresas já recorrem a trabalhadores de outros estados e até de outros países. A Pluma Foods, por exemplo, trouxe 120 famílias da Indonésia para atuar em Aparecida do Taboado e Cassilândia, enfrentando inclusive barreiras linguísticas.
“Vai ser preciso começar a seduzir pessoas que moram em outros lugares”, observou o jornalista Henrique Ferian.
Outro ponto de alerta é o descompasso entre o ritmo do investimento privado e a capacidade de resposta do poder público.
“O ataque financeiro do setor privado é infinitamente mais rápido e mais forte do que o público”, comparou Marques.
Ele citou deficiências graves na saúde pública, especialmente no atendimento a crianças com necessidades especiais. “Meu filho faz três tipos de terapia por semana. E há pais que relatam que seus filhos fazem algum tipo de terapia apenas uma vez a cada dois meses.”
Cidades menores sentem ainda mais o impacto. Inocência, por exemplo, saltou de cerca de 7 a 8 mil habitantes para aproximadamente 21 mil, pressionando trânsito, moradia, saúde e infraestrutura urbana. “Não vai conseguir suportar sem planejamento imediato”, alertou.
Como forma de reduzir a dependência de grandes indústrias, Diógenes Marques defende investimentos estruturados em turismo regional.
“O turismo é uma indústria barata e que deixa cerca de 90% do recurso imediatamente no município”, afirmou. Ele sugeriu a criação de circuitos integrados, explorando turismo rural, religioso, ecológico e de aventura, e criticou a ausência de secretarias exclusivas de turismo nos municípios da região.
Como exemplo de iniciativa privada, citou a Mata Cascalheira, que já atrai visitantes de cidades como Andradina, Castilho e Ilha Solteira.
Os números confirmam a dimensão desse ciclo. Mato Grosso do Sul registrou crescimento do PIB, enquanto o Brasil cresceu 3,5% no mesmo período — desempenho comparável ao de economias em rápida expansão.
A projeção é que apenas a Costa Leste receba mais de R$ 100 bilhões em novos investimentos nos próximos 10 a 15 anos, além dos projetos já consolidados ou em implantação.
Durante as festas, a Mata Cascalheira funcionará normalmente aos sábados e domingos, fechando apenas em 25 de dezembro e 1º de janeiro. Neste domingo (22), haverá a chegada do Papai Noel às 13h, com distribuição gratuita de doces, pipoca e pintura facial.
O local oferece café da manhã colonial (R$ 25), das 6h30 às 10h, e almoço no fogão a lenha das 11h às 15h, com funcionamento até às 17h.
Confira a Entrevista: