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Maestro Relíquias conta a trajetória da instituição que já formou mais de 10 mil jovens e é referência nacional em bandas marciais e musicais
Por Henrique Ferian
A Banda Cristo Redentor comemora 58 anos de uma história marcada por transformação social, dedicação e muita música. O que começou com a Guarda Mirim de Três Lagoas, em 1967, tornou-se uma das principais referências em bandas marciais e musicais do país, formando milhares de jovens e conquistando títulos nacionais.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, o maestro Relíquias, que está à frente da banda há 29 anos e atua como músico integrante desde 1988, compartilhou os bastidores dessa trajetória de sucesso e os planos para o futuro.
A origem da banda remonta à criação da Guarda Mirim de Três Lagoas. Segundo Relíquias, tudo começou quando o vereador Tuno, ao passar por Ribas do Rio Pardo, conheceu um grupo de guardas mirins comandado por Rodrigues Falcão. Impressionado com o trabalho, trouxe a ideia para Três Lagoas, durante a gestão do prefeito Michel Tomé.
“A história se iniciou com a fundação da Guarda Mirim. Daí já veio a Banda Marcial Cristo Redentor da Guarda Mirim de Três Lagoas. É uma história muito rica que transformou e transforma até hoje a vida de muitas crianças e adolescentes”, relembrou o maestro.
Ao longo dessas quase seis décadas, estima-se que mais de 10 mil jovens passaram pelas fileiras da Cristo Redentor. Muitos seguiram carreira militar ou na área musical, enquanto outros se tornaram educadores e profissionais em diversas áreas.
“Aquele que integra um dia as fileiras das bandas Cristo Redentor, isso fica marcado para sempre. Muitos seguiram suas vidas profissionais pautadas na música, através da carreira militar, principalmente. Outros aprenderam ali e se tornaram educadores”, destacou Relíquias, que é um exemplo dessa trajetória.
Em 1999, durante a gestão do prefeito Issan Fares, a banda passou por uma transformação importante. A então secretária Silvana Bersani conseguiu aprovar um projeto junto à Funart para receber instrumentos do Ministério da Cultura. Eram saxofones, clarinetes, tubas e trompetes – instrumentos típicos de bandas musicais.
“Conversamos com a dona Isabel, que era a primeira dama e secretária de assistência social, sobre criarmos uma banda musical para acolher aqueles ex-integrantes da banda marcial que já não tinham mais idade ou que já tinham ido para o mercado de trabalho”, explicou o maestro.
A diferença entre as duas está na instrumentação: enquanto a banda marcial é composta por instrumentos de percussão e bocal (trompete, trombone, tuba), a banda musical incorpora também a família das palhetas, como saxofones e clarinetes.
Atualmente, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos Banda Cristo Redentor atende 201 jovens inscritos. O trabalho funciona de segunda a sexta-feira, com aulas de teoria musical, prática instrumental, momentos lúdicos e recreativos, além de palestras.
“Muito além do ensinamento da música, vai a questão comportamental e a disciplina desses jovens. Temos o acompanhamento dos boletins escolares para que eles saiam dali encaminhados para o mercado de trabalho e preparados para enfrentar a competição que é o mercado hoje”, enfatizou Relíquias.
O maestro destaca que a disciplina é fundamental, especialmente nas viagens. “Nós viajamos com os filhos que, quando entram no ônibus, acabam sendo como se fossem os nossos filhos. A disciplina é muito importante para que eles cumpram as determinações mesmo quando viramos as costas.”
A banda tem colecionado títulos importantes. No final de agosto, em Dourados, sagrou-se campeã estadual como banda marcial infanto-juvenil, baliza infanto-juvenil, banda musical juvenil e baliza juvenil.
Agora, a Cristo Redentor se prepara para o Concurso Brasileiro de Bandas e Fanfarras, organizado pela Liga Brasileira, que acontecerá no dia 3 de novembro na cidade de Amparo, São Paulo. O evento reunirá bandas de todo o Brasil.
“O nível é muito alto, mas graças a Deus as bandas de Mato Grosso do Sul têm evoluído nos últimos anos. Hoje estamos num patamar de competir de igual para igual com as grandes bandas do Brasil”, afirmou o maestro com orgulho.
A banda também é tricampeã da CNBF (Confederação Nacional de Bandas e Fanfarras).
Para celebrar os 58 anos, a Banda Cristo Redentor realiza um concerto especial neste domingo, 26 de outubro, às 18h, no Shopping Três Lagoas. O repertório incluirá as músicas apresentadas no último campeonato estadual em Dourados.
“Será um imenso prazer apresentar para a população três-lagoense. Um dos grandes salários do artista é o aplauso, e principalmente para essa juventude, se sentir aplaudido e abraçado pela população”, convidou Relíquias.
O maestro fez questão de ressaltar o apoio recebido ao longo das décadas. “Só podemos chegar até aqui porque tivemos grandes administradores. Principalmente a atual administração, através do prefeito Cassiano Maia e do secretário de assistência social André Luiz Bacalá, que têm dado todo o suporte para os eventos dentro e fora de Três Lagoas”, agradeceu.
A banda está vinculada à Secretaria de Assistência Social, através do Departamento de Proteção Básica, e conta com estrutura completa para as atividades, incluindo transporte adequado e alimentação para os jovens.
Para quem tem interesse em participar, atualmente há 19 vagas abertas no serviço. Os pais interessados devem procurar o CRAS de referência de seu bairro, onde estão as listas de espera. Após o alinhamento entre CRAS e banda, os jovens são inseridos de imediato.
Os integrantes costumam permanecer em média três anos, mas muitos ficam por períodos muito maiores, criando vínculos profundos com a instituição que se torna uma verdadeira família.
Relíquias também revelou planos de trazer uma competição estadual para Três Lagoas. “A federação já sinalizou que continuará em Dourados no ano que vem, mas quem sabe em 2027 a gente levanta a bandeira. Seria muito importante, porque é um momento ímpar. Já tivemos um concurso estadual aqui em 1999”, lembrou.
Com 58 anos de história, a Banda Cristo Redentor segue firme em sua missão de formar não apenas músicos, mas cidadãos preparados para a vida, perpetuando uma tradição que é motivo de orgulho para Três Lagoas e todo o Mato Grosso do Sul.
Serviço:
Confira a Entrevista:
