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O setor de carne bovina de Mato Grosso do Sul está se adaptando rapidamente após os Estados Unidos decidirem taxar em 50% as importações de carne brasileira. As grandes empresas frigoríficas do estado, como JBS, Minerva e Naturafrig, que antes vendiam para os EUA, agora estão mandando seus produtos para outros países.
Novas Rotas para a Carne de MS
A JBS, a maior exportadora de Mato Grosso do Sul, já redirecionou sua produção para mercados como China, Chile, países do Oriente Médio e Filipinas. Alberto Sérgio Capuci, vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sicadems), confirmou que todas as empresas que exportavam para os EUA já normalizaram suas operações e encontraram novos compradores.
Essa mudança de rota foi a segunda reação das indústrias. A primeira foi a suspensão imediata das exportações para os EUA, logo após o anúncio da taxação pelo presidente Donald Trump.
Jaime Verruck, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), já havia previsto essa possibilidade. Ele destacou que o novo status de Mato Grosso do Sul como área livre de aftosa sem vacinação facilita o acesso a mercados que antes eram fechados.
Impacto nas Exportações e Preocupações com o Preço da Arroba
As vendas de Mato Grosso do Sul para os EUA foram significativas, totalizando US$ 315 milhões de janeiro a junho deste ano, um aumento de 11,4% em relação ao ano passado. Só a exportação de carne bovina para os EUA cresceu 78% no mesmo período.
Apesar do otimismo com a busca por novos mercados, o economista Eduardo Matos alerta que o impacto inicial será negativo, mas acredita em uma normalização a médio e longo prazo, já que essa situação não é boa para nenhum dos lados.
No entanto, a grande preocupação do momento é com o preço da arroba do boi gordo. Mesmo com o redirecionamento das vendas, o valor pago ao produtor tem caído. Em uma semana, a arroba recuou 6%, saindo de R$ 303,30 (antes do anúncio de Trump) para R$ 285,65.
A União Nacional da Pecuária (UNP) e a Associação Sul-Mato-Grossense dos Criadores de Nelore (Nelore-MS) veem essa queda como uma tentativa das indústrias de transferir os custos da disputa comercial para os produtores. Paulo Matos, presidente da Nelore-MS, ressaltou que os EUA compram apenas uma pequena parte da carne exportada pelo Brasil (8% do total exportado, ou 2,3% da produção nacional), e que a alegação de “colapso do mercado interno” é uma justificativa para pagar menos pelo boi.
Ele afirma que os frigoríficos querem aumentar seus lucros e usam qualquer argumento para isso, mas que o produtor rural não pode ser o “amortecedor” dos problemas internacionais, já que é ele quem gera empregos e alimenta o país.
Da redação