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Por Henrique Ferian
A recente perda da cantora Preta Gil para o câncer colorretal reacendeu um alerta sobre uma das doenças mais silenciosas e letais da atualidade. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan Três Lagoas, o médico gastroclínico e endoscopista Dr. Ronaldo Nunes Ribeiro — que atua há mais de três décadas na cidade — reforçou a importância do diagnóstico precoce e da mudança de hábitos como pilares na luta contra a doença.
O câncer que começa calado
Segundo Dr. Ronaldo, o câncer colorretal muitas vezes se instala de maneira silenciosa, sem dar sinais. O ponto de partida costuma ser um pólipo — uma espécie de pequena verruga que se forma no intestino. “A maioria desses pólipos não é maligna, mas alguns têm potencial de se tornar um câncer. Como não temos como saber quais vão evoluir, o ideal é retirá-los preventivamente”, explicou.
Essa fase inicial, sem sintomas, torna o diagnóstico um desafio. “Quando começam a aparecer sinais, como sangue nas fezes, geralmente a lesão já está maior, com aparência semelhante a uma couve-flor, e mais difícil de tratar”, alerta o especialista.
Sintomas que merecem atenção
Alguns sinais podem indicar que algo não vai bem com o intestino e devem ser investigados:
Dr. Ronaldo reforça que evacuar pelo menos a cada três dias, com fezes de aspecto pastoso e formato semelhante ao de uma banana-maçã, é considerado um hábito saudável.
Colonoscopia: tecnologia aliada da prevenção
A principal arma contra o câncer colorretal continua sendo a colonoscopia. “É o padrão ouro. Ela não apenas detecta os pólipos, como também permite sua remoção na hora, evitando que evoluam para câncer em 90% dos casos”, destacou o médico.
O exame, que antes exigia longos períodos de preparo e internação, hoje é mais ágil e confortável. Com novas tecnologias, como a magnificação — que aumenta o nível de detalhe das imagens —, o procedimento se tornou ainda mais seguro e preciso. “A colonoscopia dura cerca de 15 a 20 minutos e pode ser feita em clínicas ou hospitais de forma bastante tranquila”, garante.
Quando começar?
A idade recomendada para o início do rastreamento caiu de 50 para 45 anos, devido ao aumento de casos entre adultos mais jovens. Para quem tem histórico familiar, o alerta vem mais cedo: a partir dos 40 anos ou dez anos antes da idade em que o parente foi diagnosticado.
“Mesmo pessoas idosas podem fazer o exame, desde que haja indicação médica e bom custo-benefício”, acrescenta Dr. Ronaldo.
Estilo de vida: prevenção começa no carrinho de compras
Além do rastreamento, o estilo de vida é um dos principais fatores de risco. Dietas pobres em alimentos naturais e ricas em ultraprocessados — como salsichas, embutidos e produtos enlatados — aumentam consideravelmente a chance de desenvolver a doença. O médico recomenda que pelo menos 30% a 40% das compras sejam de produtos in natura, como frutas, legumes e verduras.
“Hoje se consome muito mais alimentos industrializados, ricos em conservantes e corantes. Isso, somado ao sedentarismo, álcool em excesso e tabagismo, forma o cenário ideal para o desenvolvimento do câncer colorretal”, alerta.
A conta que não fecha: o custo da negligência
Além dos impactos na saúde, a negligência com a prevenção pesa no bolso. Em Três Lagoas, o custo médio de uma colonoscopia gira em torno de R$ 1.000 — um investimento pequeno diante dos altos custos de um tratamento oncológico, que pode chegar a dez vezes esse valor. “Sem falar no sofrimento físico e emocional do paciente e da família”, reforça.
A colonoscopia também é essencial no acompanhamento de quem já teve a doença ou retirou pólipos. O intervalo entre os exames varia conforme o risco: anual, semestral ou até trimestral. Nos casos de câncer tratado, o protocolo prevê colonoscopia anual por pelo menos cinco anos — considerado o período de vigilância até a cura.
Prevenir ainda é o melhor caminho
Para o médico, a prevenção precisa ser entendida em dois níveis:
“Prevenir é cuidar de si antes que a doença apareça. E isso começa com escolhas diárias. A informação salva vidas”, conclui Dr. Ronaldo Nunes Ribeiro.
Confira a entrevista: