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Em entrevista especial à Jovem Pan Três Lagoas, o cardiologista Dr. Ulisses Calandrin destacou a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e dos cuidados contínuos com o coração. A conversa ocorreu um dia após a comemoração do Dia do Cardiologista, celebrado em 14 de agosto, e abordou desde histórias pessoais que motivaram sua escolha pela profissão até os avanços e desafios da cardiologia.
Dr. Ulisses contou que a decisão de seguir na medicina, e posteriormente na cardiologia, foi marcada por uma perda familiar: “Meu pai faleceu aos 52 anos, vítima de problemas cardíacos, numa época em que minha cidade natal, no interior de São Paulo, não tinha estrutura de saúde. Eu tinha quase 5 anos de idade e presenciei a situação. Aquilo me marcou profundamente e me guiou para essa área”.
Segundo o especialista, a cardiologia é uma das especialidades que mais evoluem e exigem atualização constante. “Temos diretrizes e guidelines sendo renovados com frequência no Brasil, Europa e Estados Unidos. É uma área que recebe muito investimento em tecnologia porque as doenças cardiovasculares continuam sendo as que mais matam no mundo, superando inclusive o câncer”, explicou.
Falta de atenção aos sinais
Para Dr. Ulisses, um dos maiores desafios é a falta de seriedade com que a população encara problemas como hipertensão, colesterol alto e diabetes. “Muitas vezes, o paciente só descobre que tem um fator de risco no momento de um infarto ou AVC. A hipertensão arterial, por exemplo, é o maior fator de risco para doenças cardiovasculares e ainda é negligenciada por muitos”.
Ele alerta que as doenças cardíacas, em especial, podem se desenvolver de forma silenciosa por décadas. Casos de morte súbita, inclusive em pessoas jovens, nem sempre estão ligados a infartos, podendo ser provocados por problemas genéticos como a cardiomiopatia hipertrófica ou anomalias nas coronárias.
Fatores de risco e histórico familiar
O médico enfatizou que quem tem histórico familiar de problemas cardíacos deve redobrar a atenção. “Pais, irmãos ou filhos que tiveram infarto, AVC ou cardiopatias aumentam o risco para seus familiares. Esses pacientes precisam ser avaliados com mais cuidado e acompanhados de perto”, disse. Entre os fatores de risco mais comuns, ele listou: hipertensão, colesterol elevado, diabetes, sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de álcool e obesidade.
Mudanças no perfil das doenças
Comparando o cenário atual com décadas passadas, Dr. Ulisses destacou que a inversão da pirâmide etária — com mais pessoas vivendo até idades avançadas — aumenta a prevalência de doenças cardiovasculares. Ele também apontou mudanças de hábitos, como o uso indiscriminado de anabolizantes, o consumo excessivo de energéticos e a má alimentação, como agravantes para a saúde do coração.
Dor no peito: nem sempre é infarto
Questionado sobre a diferença entre dores no peito causadas por problemas cardíacos e aquelas relacionadas à ansiedade ou questões gastrointestinais, o cardiologista esclareceu: “Primeiro, é preciso descartar causas cardiovasculares graves, como infarto, angina, doenças das válvulas cardíacas ou pericardite. Só depois, se afasta a possibilidade de origem cardíaca e se avalia causas digestivas, musculoesqueléticas ou psicoemocionais”.
Motivação na profissão
Apesar das exigências da rotina, Dr. Ulisses afirma que a paixão pela profissão é sua principal motivação. “Eu gosto do que faço. A maior satisfação é ajudar o paciente a resolver um problema de saúde e, muitas vezes, devolver qualidade de vida. Hoje, com tecnologias e exames de ponta, conseguimos resultados cada vez melhores”.
Confira a entrevista: