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Por Henrique Ferian
Três Lagoas (MS) – Com meio século de atuação na área da saúde, o vereador Daniel Francisco de Brito, conhecido como Daniel da Farmácia, concedeu entrevista à Jovem Pan Três Lagoas nesta quarta-feira para falar sobre sua trajetória e os desafios do mandato legislativo.
Natural de Pedro Gomes, Daniel iniciou sua carreira aos 13 anos em Coxim, onde começou lavando vidros para manipulação de fórmulas. “Tô com 63 anos, são 50 anos nessa área. Teve umas épocas que tentei sair, mas parece que tá no sangue”, relembrou o vereador, que também trabalhou como enfermeiro na Santa Casa de Campo Grande antes de se estabelecer em Três Lagoas há 42 anos.
Em Três Lagoas, Daniel passou por diversas farmácias da cidade. Trabalhou na Droga Lapa por cerca de sete anos, depois em outra por 22 anos, e posteriormente montou seu próprio estabelecimento, onde atuou por 13 anos. “Você tem que atender as pessoas com respeito, com carinho, e quando você não dá conta de resolver alguma coisa, tem que mandar para um profissional que entenda”, explicou sobre sua filosofia de trabalho.
O vereador destacou que muitos pacientes o acompanham há décadas, passando o atendimento de geração em geração. “Já tem menino que trabalhou comigo que hoje é médico”, contou, orgulhoso do legado construído.
A entrada na política foi incentivada pelo próprio filho. “Ele falava: ‘Rapaz, já que o senhor ajuda tanta gente, é o momento agora do senhor sair como vereador e ter um leque de coisas, porque o senhor pode ajudar melhor'”, recordou Daniel.
Na primeira tentativa, obteve 466 votos. Na segunda, elegeu-se com 966 votos pela União Brasil. Após dez meses de mandato, o vereador reconhece as limitações do cargo. “O vereador não executa nada. É totalmente limitado e só depende de uma parceria entre o legislativo e o executivo”, explicou.
Daniel revelou estar trabalhando em duas iniciativas importantes para o município:
Farmácia Solidária: O vereador conversou com o prefeito sobre a criação de uma farmácia solidária nos moldes do que existe em cidades no Paraná. O projeto busca recolher amostras grátis de medicamentos que ficam nos consultórios médicos e que normalmente vencem e são descartadas. “São medicamentos de boa linha, conceituados. Muitas vezes a pessoa não tem o dinheiro para comprar e precisa do SUS”, justificou.
Emenda Impositiva: Daniel é a favor do projeto de lei que institui a emenda impositiva em Três Lagoas, já entregue ao presidente da Câmara. A proposta, que está sendo analisada em conjunto com o prefeito, prevê que cada vereador possa destinar recursos (entre R$ 200 mil e R$ 300 mil) para entidades cadastradas, como asilos, APAEs e outras instituições sociais.
“Não é que o vereador vai ter acesso a esse dinheiro. Ele tem o poder de destinar para uma entidade. O dinheiro fica na conta da prefeitura e de lá é destinado”, esclareceu, destacando que cidades vizinhas já possuem o mecanismo.
O vereador também abordou a complexidade dos processos de compra de medicamentos pelo município, especialmente as dificuldades com licitações. “Se a prefeitura tivesse o poder de comprar sem a licitação, poderia comprar direto do laboratório e vir até mais barato. Mas tem que comprar das distribuidoras”, explicou sobre as amarras burocráticas que afetam o abastecimento.
Daniel fez um apelo para maior participação popular na política. “As pessoas têm que se envolver um pouco mais, principalmente agora com o parlamentar jovem que tá tendo na Câmara. A crítica construtiva é fundamental, mas falar que o vereador não faz nada é falta de conhecimento”, ponderou.
Com experiência de cinco décadas na área da saúde e comprometimento com a transparência, o vereador Daniel da Farmácia busca equilibrar sua bagagem profissional com os desafios do legislativo municipal, sempre focado em atender as necessidades da população menos favorecida de Três Lagoas.
Confira a Entrevista: