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Por Henrique Ferian
O ex-atleta olímpico e ícone do atletismo brasileiro, Zequinha Barbosa, esteve nos estúdios da Jovem Pan Três Lagoas para uma entrevista marcada por memórias, reflexões e críticas sobre a realidade do esporte no Brasil. Três-lagoense de coração e origem, Zequinha participou de quatro Olimpíadas – Los Angeles 1984, Seul 1988, Barcelona 1992 e Atlanta 1996 – além de conquistar medalhas em Jogos Pan-Americanos e participar de diversos campeonatos mundiais.
Logo no início, Zequinha destacou o orgulho de carregar o nome da cidade pelo mundo, lembrando que, no início da carreira, precisou corrigir jornalistas que diziam que ele era de Araçatuba. “Nunca neguei minha identidade. Amo o povo três-lagoense e é sempre um prazer voltar e poder falar com vocês”, afirmou.
Influências e começo da carreira
O ex-atleta relembrou a importância de seu treinador Milton José da Silva, conhecido como Tó, a quem se refere como “a filosofia do exemplo”. Tó reunia jovens para treinar às cinco da manhã, dando exemplo de disciplina e dedicação. “Quem não é visto, não é lembrado. Minha maior dificuldade foi sair de Três Lagoas. O talento e a vontade eu tinha, mas precisava de oportunidade”, contou.
Segundo Zequinha, a Educação Física é subestimada no Brasil, o que prejudica a descoberta e o desenvolvimento de talentos. Ele acredita que professores apaixonados pelo que fazem, como Tó, são fundamentais para mudar vidas.
Realidade do esporte ontem e hoje
Comparando o passado com o presente, o ex-atleta vê estagnação no atletismo brasileiro. Para ele, a falta de estrutura e a ausência do esporte nas escolas impedem avanços. “No Brasil, vemos preço, mas não vemos valor e qualidade. Sem esporte na escola, perdemos talentos todos os dias”, lamentou.
Ele também criticou a postura de parte da nova geração, que, segundo ele, busca mais visibilidade nas redes sociais do que resultados dentro das pistas. “Hoje, muita gente treina com o celular na mão. No meu tempo, a motivação era diferente: a geladeira vazia fazia a gente correr atrás, literalmente”, disse, recordando que participou de corridas para poder tomar café da manhã no clube dos oficiais.
Lições de vida e superação
Zequinha destacou que o esporte lhe ensinou valores que vão além das pistas: disciplina, honestidade, perseverança e amor pelo que se faz. Ele contou que, ainda criança, recebeu responsabilidades importantes de sua mãe, como fazer a compra do mês para a família, o que lhe deu senso de equipe e noção de prioridade.
“O esporte me ensinou que tudo na vida é rápido. É preciso amar, dedicar-se e valorizar cada momento. Ele molda o caráter, une a família e te prepara para enfrentar qualquer desafio”, afirmou.
Bolsa Atleta e acomodação
Sobre o programa Bolsa Atleta, Zequinha considera que a iniciativa é positiva, mas alerta para o risco da acomodação. “Quando você dá demais sem cobrar esforço, a pessoa se acomoda. No esporte, como na vida, é preciso correr para sobreviver”, disse, usando a metáfora do leão e do antílope na savana africana.
De volta à família
O ex-atleta se emocionou ao contar que, após conquistar espaço nos Estados Unidos, conseguiu garantir que sua mãe não precisasse mais se preocupar com seu sustento. “A primeira coisa que eu fiz foi ajudar minha mãe. Eu sabia do sofrimento que ela passou e sempre tive a missão de mudar essa realidade”, concluiu.
Confira a Entrevista: